O ataque monopolizou as atenções sobre a Costa do Marfim nas últimas duas semanas por conta da fratura no antebraço direito do craque da seleção, o centroavante Didier Drogba. Foi a defesa, no entanto, que chamou a atenção quando o time entrou em campo. Na terça-feira, na estreia na Copa do Mundo contra Portugal, o que se viu foi algo raro, senão inédito, na equipe marfinense e talvez até no próprio futebol africano: um sistema defensivo sólido, eficiente, organizado e disciplinado.
O futebol africano sempre foi criticado por sua irresponsabilidade técnica e fragilidade defensiva. Esses, aliás, eram temores do técnico da Costa do Marfim, o sueco Sven-Goran Eriksson, expressados claramente nas últimas semanas. "Eles jogam individualmente, não têm sentido de equipe", reclamou após o empate por 2 a 2 em jogo preparatório contra o Paraguai, que sua equipe vencia por 2 a 0. "Se não adquiriram um mínimo de noção coletiva, não vamos a lugar nenhum".
Pelo que se viu na terça, Eriksson conseguiu conscientizar seus jogadores. A maneira como o sistema defensivo se comportou contra os portugueses não deixou de surpreender. O time marcou quase sempre atrás da linha da bola, os jogadores guardaram posição, conversaram bastante durante a partida para evitar erros de posicionamento e não deram espaços. Cristiano Ronaldo, por exemplo, em várias ocasiões se viu cercado por dois e até três marcadores. Os meias da seleção europeia, mesmo quando procuraram os lados do campo, não encontraram caminho livre.
O esquema deverá ser repetido no próximo domingo contra o Brasil, embora Eriksson reconheça ser necessário um pouco mais de ousadia. Pode até mudar de ideia, mas a princípio não parece disposto a abandonar a forma de jogar encontrada ao longo das últimas semanas de treinamento, à base de muita marcação e proposta de explorar os contra-ataques.
Até mesmo o sueco demonstrou surpresa com o bom rendimento de sua defesa. Depois da partida contra Portugal, demonstrava um misto de alívio, surpresa e satisfação. "O time todo saiu-se bem, mas a defesa esteve perfeita, não posso deixar de destacar isso", disse. Ele entende que o fato de a maioria dos jogadores da seleção marfinense atuarem na Europa, onde se dá grande importância aos aspectos táticos, ajudou para que entendessem a necessidade de defender bem.
quinta-feira, 17 de junho de 2010
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